Reproduzo matéria do DCI, do dia 3 de fevereiro:
BRASÍLIA - Com a entrada em vigor do Novo Acordo Ortográfico entre os oito países de língua portuguesa no início deste mês, as pequenas editoras brasileiras passam por um processo de adaptação às atuais regras. O processo inclui a reedição de livros dos antigos catálogos com as modificações. O prazo para implementação do Acordo vai até dezembro de 2012.
A LGE Editora, do Distrito Federal, começou a adotar as transformações ortográficas em seus títulos. Antônio Carlos Navarro, diretor executivo da LGE, adianta que os dois próximos livros da empresa brasiliense, com lançamento em fevereiro, sairão seguindo o Acordo.
Para Navarro, o principal problema para a LGE será reeditar os livros antigos com as atuais regras. “Isso significará um trabalho enorme e custos, mas o prazo, até 2012, é razoável”, comenta. Segundo Antônio a adaptação deve ser imediata para quem produz livros didáticos e de referências, como dicionários, para atender a demandas como as das escolas.
Antônio Carlos acredita que a adaptação ao Novo Acordo Ortográfico não deve ser muito rápida e que haverá dificuldades tanto para quem atua no setor, como escritores e editores, como para os próprios leitores. “Agora é que começaram a surgir novos dicionários seguindo o Acordo. Nossos revisores estão preparados para trabalhar com as mudanças, porém é necessária uma consonância com os autores”, afirma.
Araíde Sanches, gerente de produção da Editora Escuta, em São Paulo, diz que os três primeiros lançamentos da empresa, dois livros e uma revista, em março, sairão já com as novas regras ortográficas. A Escuta publica edições principalmente nas áreas de Psicanálise, Psicologia e Psiquiatria.
A gerente diz que a adaptação dos lançamentos acontecerá sem grandes problemas, embora os revisores ainda tenham algumas dúvidas. “Eles esbarram principalmente na acentuação, como na queda dos acentos diferenciais”, revela.
Para Araíde a Editora Escuta terá mais problema com as reedições. “Neste caso, a transformação dos livros antigos para as novas regras vai exigir uma grande despesa e gasto de tempo. Teremos que reformatar os textos ou submetê-los novamente a revisão”, explica.
Daniel Zanette, supervisor da Maneco Editora, de Caxias do Sul (RS), se diz otimista com as mudanças na ortografia. A Maneco, especializada em literatura brasileira, infantil, infanto-juvenil e em administração, tem cinco livros no prelo, com lançamento agendado para a primeira quinzena de fevereiro. Todos sairão atendendo às normas do Acordo.
O supervisor conta que a editora de Caxias do Sul contrata revisores terceirizados e que estabeleceu até o fim de 2008 para que esses profissionais se adequassem às novas regras. Zanette diz que como a Maneco fornece material para escolas, havia urgência na adaptação ao Novo Acordo Ortográfico. “Somos muito cobrados em relação a isso”, revela.
Na visão de Daniel, as mudanças não trarão problemas, nem mesmo para a reedição de livros antigos. A empresa possui um catálogo de 180 títulos. “O brasileiro tem a cultura de reaproveitar livros. Acho que as mudanças vão permitir um aumento no consumo”, acredita.
Embora diga que o Novo Acordo foi importante, Zanette pensa que ele poderia ter sido mais ousado. “Ficaram muitas diferenças entre os países em normas como as de acentuação. Se era para mudar, acho que tinham que ter ido além”, afirma.
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