quinta-feira, 11 de junho de 2009

Cordel e o Acordo

Em algumas idas recentes ao Nordeste, procurei produções de literatura de cordel que abordassem o tema do Novo Acordo. Não encontrei. Mas agora, navegando pela internet, fui encontrado, e entrei em contato com Antonio Barreto (poeta, professor e cordelista de Salvador, este é o e-mail e os telefones são 71-9196-4588 e 71-3329-3237), que gentilmente enviou-me o "Novo Acordo Ortográfico em versos de cordel", de sua autoria, publicado pelas Edições Akadicadikum.

Alguns versos para saborearmos, sabendo que melhor ainda é ouvi-los na voz do poeta:

Das regras a mais difícil
Deve ser "hifenizar"!
Não confunda, meu amigo
Com o verbo infernizar!
O HÍFEN é complicado
Portanto esteja ligado:
Agora vou lhe explicar:

Se o prefixo terminar
Por exemplo em vogal
E o segundo elemento
For "r" ou "s" de sal:
Consoante duplicada
Tire o hífen da jogada
E veja como é legal:

Escreva microssistema
Contrarregra, infrassom
Biorritmo, autorretrato
Minissaia, ultrassom
Antessala, antirracismo
Cosseno, neorrealismo
E veja como é tão bom!

3 comentários:

  1. Postado pelo autor José Augusto - Mossoró-RN/ 14-10-2009
    NOVO ACORDO ORTOGRÀFICO
    Sempre vivi aprendendo,
    Aprendendo e ensinando,
    Ensinando e refletindo,
    Refletindo, investigando.
    Assim eu fui descobrindo,
    Descobrindo e perguntando.

    Nada fazia parar
    A vontade de querer,
    De querer e querer mais,
    Querer sempre mais saber
    Do mundo e coisas do mundo
    Aprender e se prender.

    Até que um dia eu
    Aprendi ser professor,
    Professor da juventude
    Que tem muito pouco amor
    A vontade de estudar
    Que me causa até pavor.
    ………

    Mês um de 2009
    Em Angola e Portugal;
    Em Brasil e São Tomé;
    Timor-Leste, Guiné-Bissau,
    Moçambique e Cabo Verde
    A língua ficou igual.

    Mas eu fico imaginando:
    Essas cabeças de ar
    Por capricho ou por política
    Invés de descomplicar
    Fazem tudo, tudo fazem…
    Para a linguagem travar.

    E assim quando não dão
    Um nó na língua falada
    Enrola mais a escrita
    Tornando-a mais engessada,
    Conservadora, sem asa…
    Até mesmo mais pesada.
    …….

    Já que o recreio chegou
    Na volta eu explicarei
    Regra por regra a vocês.
    Ao voltar me deparei
    Com todos os estudantes
    Querendo a primeira lei.

    – Pois bem! Saiu o acento
    Das palavras: assembleia
    De jiboia, paranoia,
    Tipoia, joia e ideia.
    E sendo ditongo aberto
    Se foi também de plateia.

    Das palavras paroxítonas
    Desapareceu também
    O acento de taoismo,
    Feiura, feiudo sem…
    Afetar sua pronúncia
    Nem a vida de ninguém.

    Buliram com outro acento
    Que vai dar dor de cabeça
    Em cavalo manco até,
    Até que amadureça
    Ponto por ponto a ideia,
    Ou suba e desça e esqueça.
    …….
    Esse acento é dito e visto
    Como diferencial,
    É pra diferenciar
    Pôr de por que é um casal
    Que tem pronúncia igual
    E sentido desigual.

    Também veja Otaviano
    Como foi mesmo tirado
    De pára – forma verbal –
    O acento consagrado
    Deixando igual para a para
    E muito mais enrolado.

    Pela do verbo pelar
    Ficará sem seu acento,
    Grafia igual à pela
    Do fechado casamento
    Da preposição co’o artigo,
    Sem causar constrangimento.

    O acento circunflexo
    Não será usado mais
    Nas palavras de grafia
    Com “ôo” e seus “derivais”:
    Abençoo, voo e magoo.
    Corro, perdoo e demais.
    …….
    Quando a aula terminou
    Uns gostaram da didática,
    Alguns acharam melhor
    Do que química e matemática,
    Outros saíram dizendo:
    – Assim aprendo gramática.

    E ficaram estudando,
    Aprendendo e refletindo,
    Refletindo e descobrindo
    Descobrindo que a linguagem
    Não é uma maquiagem
    Pintada pela gramática
    De cara e visão estática,
    Presa na língua do povo
    Feito um passarinho no ovo
    Sem canto, encanto e didática.
    FIM

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  2. assim é mais fácil de aprender!!
    muito legal

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  3. A gente estuda a vida inteira e ensina os filhos estudar, quando está tudo formado e aprendeu direitinho, o poder se modifica e entra lá um individuo que tem raiva de quem sabe e quer nivelar tudo por baixo, além da cortesia com o chapéu alheio ajuda a disseminar burrice pelo país do faz de conta.

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